domingo, 13 de fevereiro de 2011

Sôbolos rios que vão

Há pouco tempo, o meu amigo francês o Miguel de Tours, enviou-me um S.O.S. : "olá Fernando qual é a origem e o significado da palavra sôbolos encontrada no fim do mês de Janeiro, numa página do Luso jornal, jornal da comunidade portuguesa de Paris? A palavra não se encontra  nos dicionários da língua portuguesa ( Porto Editora o Priberam) e os correctores ortográficos recusam-na? Cito a parte essencial do artigo : Por lapso, na última edição do LusoJornal, no artigo ... sobre o escritor António Lobo Antunes, há um erro no título do último livro do escritor, em português. O título correto é “Sôbolos rios que vão” e não “Sôbolos rios que voam”, como erradamente foi escrito"
Caro Miguel

Bem sabes, o meu amigo,  que eu, dono dum modesto Café de Lisboa, não sou um especialista da língua e muito menos da literatura, mas a minha clientela é muito variada e entre os clientes há mulheres e homens das faculdades ou que trabalham nas livrarias do Chiado; tenho a costume de falar com eles quando tenho tempo. Assim posso com a ajuda deles dizer o seguinte :

  1. Sôbolos é uma antiga contracção - da época de Camões - da preposição sobre com o artigo definido antigo los . É o equivalente de sobre os  . ( sitio flip).
  2. Sôbolos rios que vão é o titulo do ultimo livro do famoso autor António Lobo Antunes sobre o cancro. ( blogue educar em português  ou  Jornal de letras...)
  3. Mas este título vem dum poema muito conhecido de Luís Vaz de Camões ( sitio Wikisource). Podes ouvir este poema lido por uma voz feminina e brasileira  neste sitio.
  4. O Poema de Camões inspira-se do salmo 137 da Bíblia, um dos salmos mais conhecidos, a vezes chamado o salmo do exílio : fala da saudade dos judeus deportados a Babilónia pela cidade de Jerusalém.
  5. O poema de Camões talvez faça o paralelo com a vida própria dele, afastado durante anos e anos da  terra portuguesa por ele viajar muito longe à África e à Ásia... mas este poema é muito mais do que isso : "nos leva à  dialética entre o celeste e o terreno".
Com amizade, Fernando

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